Ninguém preocupado com a educação pública tem o direito de ignorar o caso da Escola da Comunidade, onde estão matriculadas crianças da favela de Paraisópolis, em São Paulo. Se fosse cobrada mensalidade ela não sairia por menos de R$ 1.000. Quem banca esse custo é o colégio Porto Seguro, um dos melhores colégios da cidade, cuja maioria dos alunos entra, com facilidade, nas mais disputadas faculdades.
O Porto Seguro oferece à Escola da Comunidade seus professores e instalações, além de aulas de reforço e atividades culturais. Não é uma réplica, mas não está longe disso. Mas o desempenho dos alunos da favela é muito pior, apesar de receberem uma educação de altíssima qualidade em uma escola pública dos sonhos.
Esse extraordinário caso é uma dica para os programas de inclusão. Não basta oferecer boa escola: é preciso, além de envolver e qualificar as famílias, acionar as diferentes esferas do governo (saúde, geração de renda, esporte, saúde) e transformar toda a cidade em espaços educativos, tirando proveito dos cinemas, teatros, parques, empresas, museus.
Por mais estranho que pareça, imaginar que se vai melhorar educação pública apenas melhorando a escola é um caminho para perdurar a exclusão e jogar dinheiro fora.
PS- Detalhes sobre essa experiência estão no meu site (www.dimenstein.com.br).
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha.
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