9 de dezembro de 2006

[A Vida é um Show] Menor bebê do Brasil, que nasceu com 385g, recebe alta


O menor bebê já nascido no Brasil -- e o 5º menor do mundo --, o pequeno Arthur recebeu alta nesta quinta-feira (07). Nascido em 4 de agosto, em uma clínica no bairro de Laranjeiras no Rio de Janeiro, ele veio ao mundo pesando apenas 385g. Agora, depois de mais de quatro meses na UTI neonatal, ele vai para a casa dos pais pesando 2,1kg.
Arthur tinha pouco mais da metade do peso do bebê chinês
que surpreendeu o mundo nesta semana ao nascer com apenas 630g. O brasileirinho nasceu com pouco mais de 6 meses de gestação, devido a um quadro grave de hipertensão materna. Se tivesse ficado o tempo normal na barriga da mãe, teria agora um mês de idade. Como se já não fosse uma situação complicada, o bebê ainda era pouco desenvolvido para sua idade gestacional. Nas primeiras semanas de vida, chegou a pesar 282g.
Para garantir a sobrevivência da criança, os médicos aplicaram um medicamento chamado “surfactante”, que impede o colapso dos pulmões, ainda na sala de parto, segundo o pediatra responsável, Joffre Cabral. Depois, já na UTI, Arthur foi submetido a oxigênio sob forte pressão diretamente na narina -- para não ter que ser entubado.
Com os órgãos internos ainda pouco maduros, Arthur precisou passar uma semana em jejum. Seus intestinos eram intolerantes até mesmo ao leite materno. Aos poucos, a alimentação foi sendo aplicada.
“Um bebê tão pequeno é sempre um grande problema”, diz Cabral. “Há um alto risco de infecção, é preciso manuseá-lo com cuidado”, conta. “Mas Arthur não teve qualquer infecção. Seu quadro neurológico é normal. No momento, ele é tão normal quanto uma criança qualquer, com o peso adequado”, diz o pediatra.
Os quatro meses na UTI foram de muito pensamento positivo para os pais. “Somos um casal muito otimista, acreditamos muito em Deus. E temos uma estrutura familiar muito boa, que nos deu força para poder encarar tudo isso”, contou o pai de Arthur, que preferiu não se identificar. “Foi preciso encarar a realidade, mas não perdemos a fé.”
Nos momentos que tinham com o bebê, os pais tentavam passar esse sentimento para ele. “Sempre procurávamos olhar nos olhos dele, fazer carinho nas mãos, passar uma energia boa. Se em algum momento éramos tomados pela emoção, não entrávamos na UTI. Queríamos que ele só sentisse coisas boas ao nos ver”, afirma.
Finalmente em casa, Arthur terá agora tempo de sobra para curtir todo o carinho da família. “Estamos muito felizes”, diz o pai. Segundo o pediatra, a criança vai precisar de acompanhamento médico, como todo recém-nascido. “Mas o quadro não poderia ser melhor”, afirma.
Fonte: Jornal O Globo

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