11 de dezembro de 2006

[Pesquisa] Brasileiros não conseguem ficar sozinhos


Quem acompanha as notícias sobre as celebridades está acostumado a ver histórias de divórcio e segundos casamentos. Mas muita gente ainda não percebeu que esses acontecimentos estão cada vez mais comuns longe do noticiário.
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a taxa de divórcios atingiu seu ápice no ano passado: entre 2004 e 2005, a taxa de divórcios no Brasil passou de 1,2 para 1,3 por mil pessoas de 20 anos ou mais. O número de casamentos em que um dos cônjuges ou ambos eram divorciados também cresceu.

O casal de advogados Eliete Margarete Colato, 42 anos, e Marcos Alberto Tobias, 51, é um exemplo desse novo cenário. Eliete já se casou uma vez e, depois de sete anos, se separou. Tobias é mais ''experiente'': quando conheceu a atual companheira, já havia se divorciado duas vezes. Eles começaram a namorar há cerca de 15 anos e, em fevereiro, pretendem oficializar a união com um casamento civil. "Deve ter um churrasco ou algum tipo de festa", diz Eliete. "Já vivemos juntos e temos certeza do que queremos. O casamento no civil é uma garantia para os dois."
A professora Vânia Aparecida Rosalein, 40, e o analista de sistema Luiz Carlos Schaelfer, 48, seguem o mesmo caminho: ambos são divorciados, namoram há nove anos e pretendem se casar no civil assim que for possível. "Não nos casamos ainda porque o divórcio dele não saiu", comenta Vânia. "Mas, assim que sair, vamos regularizar a situação."
Tanta vontade de casar só pode ter uma explicação: o brasileiro, cada vez mais, não quer ficar sozinho. ''Eu não consigo ficar sozinha", admite Eliete. "É uma coisa minha. Acho que tenho muita energia e preciso dividir com alguém."
"As pessoas sempre querem se relacionar", diz a terapeuta sexual e de casais Margareth Reis. "Estão sempre procurando companhia, alguém para dividir as coisas." Para ela, a pesquisa do IBGE pode ser explicada pela mudança nos relacionamentos atuais. "As pessoas estão procurando prazer imediato. As relações começam rapidamente, mas ninguém pensa no 'para sempre'. Então, os relacionamentos acabam e surge espaço para novos parceiros."
O psiquiatra Geraldo Possendoro, professor da especialização em Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que "os seres humanos procuram companhia desde que nascem". "Os bebês são completamente dependentes. Desde quando saem da barriga da mãe, aprendem que precisam dos outros para sobreviver." Por isso, segundo o médico, todo mundo precisa se relacionar. "A intensidade, a idade e a maneira de se relacionar dependem da cultura, do local onde a pessoa vive." Nos Estados Unidos, os filhos saem de casa cada vez mais tarde. Já os italianos começam a se relacionar e até a morar junto bem cedo.

Fonte: G1.com

Nenhum comentário: