Acaba de sair um levantamento realizado por pesquisadores da USP e da FGV revelando que, ao contrário do que se imagina, um professor de escola pública tem um rendimento maior do que o da rede privada. Ocorre que, na média, os alunos de escolas particulares se saem bem melhor. Tal informação corre o risco de gerar injustiças contra os professores da rede pública.
Certamente, as escolas particulares são mais exigentes com seus professores, proibindo falta e exigindo melhor desempenho; afinal, elas perderiam mensalidades. Seria ótimo que esse nível de cobrança atingisse toda a rede pública. O problema é mais profundo.
Por serem, em geral, mais pobres, os alunos da rede pública têm menor bagagem cultural, os pais envolvem-se menos na aprendizagem dos filhos, as condições físicas da escola apresentam deficiências crônicas, a saúde dos estudantes é mais comprometida. A jornada escolar costuma ser maior nas instituições privadas, onde uma parcela dos estudantes desfruta de atividades extracurriculares, além de aulas particulares. Natural que, nessas condições, haja mesmo diferença nas notas. Lembre-se que, para padrões internacionais, as escolas privadas são ruins.
Mas o que resulta disso é a seguinte conclusão: apenas subir o salário do professor, principal demanda dos sindicatos, não adianta para melhorar a educação pública.
PS - Mais detalhes dessas pesquisas estão no meu site (www.dimenstein.com.br)
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.
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